vendredi 6 janvier 2012

Mataram a Rádio Amizade

31 de Dezembro de 2011 é uma data que vai figurar nos anais da história do panorama associativo da comunidade portuguesa radicada em terras do burgo.

A cansada e desmotivada direção da Rádio Amizade desligou o ventilador que alimentava as emissões e deixou morrer um paciente fraco e moribundo que apodrecia há já alguns anos lá para os lados de Schifflange.

Tive a particularidade de pertencer a esta associação, era um... - como se diz na gíria do tugaburguês - um “Antoninho” - foram sete, digo, sete anos dedicados à causa.

Para minha surpresa ao folhear o semanário Contacto desta semana, deparei na página dedicada à necrologia com um artigo que por coincidência ou não está na página 13: “Rádio Amizade chega ao fim”.

Permitam-me que opine, chega ao fim, não. Faça-se justiça, mataram-na!

A emitir desde Novembro de 1992, pensei que com a maior idade já deveria ter juízo e pernas para andar sozinha, transcrevo as palavras da caríssima Irina Ferreira (é pseudo?) “num comunicado oficial, a direção afirma que “os mais jovens não estão motivados para assumir a direção de uma associação como a rádio”. Permitam-me que discorde, isto é tudo treta...
Em 2001 já todos os membros da rádio e não só questionavam a direção da mesma, ou seja o senhor Armindo Pereira.

Falavam todos pelas costas, mas foi só um que levantou a voz e exigiu que se fizesse como é de lei uma assembleia geral para por ordem na casa e livremente, de maneira democrática e secreta, se escolhesse uma direção que reunisse o consenso de todos. A muito custo lá se fez a dita assembleia e procedeu-se a votação secreta e livre segundo o antigo, único e a título definitivo presidente da rádio... Foi assim: tu votas em quem? E tu? E tu?... Resultado, todos votaram em Armindo Pereira, menos um... o tal Antoninho.

As coisas ficaram na mesma, as emissões continuaram, as coisas ficaram mais sérias, houve quem quisesse tomar conta da rádio. A IURD tentou ter umas horas na antena, dinheiro não era problema, o grupo Primavera quis mesmo comprar a rádio, depois veio o grupo Editpress. Por último quem pagava o aluguer do espaço, em Esch-sur-Alzette, era a OGBL.

A rádio vivia a sua época dourada. Organizávamos bailes, excursões, fomos pioneiros do movimento futsal da comunidade portuguesa (FootAmizade), oferecemos conjuntamente com o RFPP um automóvel numa tômbola nas marchas de São João, fazíamos tremer a Latina na capital. Tínhamos programas diários, divertidos, entrevistas, diretos desportivos, reportagens.

Fiquei triste ao ler a notícia, mas tudo é um ciclo. Permitam-me ainda discordar da maneira como ela foi dada a conhecer, não li nenhuma palavra de agradecimento a todos os nossos ouvintes que durante 19 anos foram fiéis à Amizade. Não li qualquer tipo de agradecimento a todos os patrocinadores que foram alimentando os desejos por vezes mimados da rádio, não li nenhum agradecimento a todos aqueles que ajudaram de uma maneira ou de outra a Amizade. Só vi citarem nomes de pessoas que, com excepção do Fred e do Manuel da Cunha, praticamente não punham os pés lá dentro.

Faça-se justiça: se as coisas chegaram ao ponto de acabar foi porque quem estava no poleiro não deixava os pintainhos sequer espreitarem.

Apesar disso, fiquei com a Amizade no coração para sempre, só quem por lá passou percebe.
Aos meus antigos companheiros da Rádio Amizade, um grande obrigado por tudo. A todos os nossos ouvintes muito obrigado pela vossa dedicação, igualmente muito obrigado a todos os patrocinadores que durante anos e anos a fio contribuíram para a Amizade.

Para finalizar, lamento que a redação do jornal Contacto tenha dedicado um espaço tão grande (uma página completa) a uma notícia tão triste. Durante os 19 anos de existência da Rádio Amizade só esporadicamente era mencionado o nome e as atividades da mesma, um pequeno quadrado aqui, outro ali. Se calhar esta última publicação foi para descargo de consciência...

Domingos Oliveira

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