Sê português em Portugal, sê luxemburguês no Luxemburgo ou sê europeu na Europa? Está é uma das questões do momento.
Numa época em que se excerbam extremismos vemos cada vez mais situações de bajulação extrema ou de nacionalismos épicos, que nada contribuem para o bem estar dos povos.
Comecemos por recordar a crise financeira de 2008: com a crise dos “subprimes” rebentava o escândalo nos Estados Unidos da América. Logo as repercussões se fizeram sentir em todo o globo, o mundo económico estava prestes a ruir, por coincidência ou não, os países mais deficitários da Europa dos 27 são os que mais se ressentem e quatro anos volvidos a crise ainda se reflete no quotidiano destes povos. O anti-semitismo e os nacionalismos, pouco a pouco, têm vindo a ganhar adeptos. Vemos o crescer da FN (Frente Nacional) em França, o caso mais populista desta nossa Europa cansada e deficitária.
Estamos nas mãos das agências (leia-se carrascos) de “rating”. Acordamos de manhã com as resoluções do nosso futuro tomadas ao jantar pelos senhores de Washington. Vemos as condições adquiridas pelos trabalhadores serem cada vez mais postas em causa. Veja-se o caso específico do Luxemburgo com a aprovação já este ano da modulação da indexação dos salários a preconizar, segundo os sindicatos, a abolição da mesma.
Defender o que é nosso
Será talvez mais do que nunca o momento de tomarmos decisões nesse sentido. A economia portuguesa está a atravessar um dos piores momentos desde a revolução dos cravos. A nossa democracia está posta em causa, a nossa soberania está dependente das decisões de uma tal de “troika” que mais não é do que o carrasco das nossas riquezas.
A bajulação é de tal maneira presente que se perde a dignidade para não se perder estatuto social ou laboral.
Um dos casos mais chocantes destes últimos tempos foi-me dado a conhecer este fim de semana: um leitor do semanário Contacto (jornal em língua portuguesa editado no Luxemburgo) confessou-me que ficou incrédulo ao ver a capa da edição do dia 11 de janeiro deste prestigiado orgão de comunicação social, onde se podia ler “Messi é outra vez o melhor do mundo”.
Este facto, quanto a mim, torna-se ainda mais patético no sentido que - sem tirar prestígio ao galardoado - toda a gente já sabia quem seria o vencedor do prémio Bola de Ouro 2011. Assim teve honras de capa ao ter ganho frente a um português (Cristiano Ronaldo), já que a presença de Xavi servia a meu ver como simples adereço.
Defendo o dever de informar, sem preconceitos nem nacionalismos, mas como diz o velho ditado “em tempo de guerra não se limpam armas”.
Contudo, devemos respeitar as opções editoriais deste prestigiado semanário, mas, que já passou por melhores dias, lá isso passou.
O Corvo

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