mardi 17 janvier 2012

Bajular ou ser nacionalista

Sê português em Portugal, sê luxemburguês no Luxemburgo ou sê europeu na Europa? Está é uma das questões do momento.

Numa época em que se excerbam extremismos vemos cada vez mais situações de bajulação extrema ou de nacionalismos épicos, que nada contribuem para o bem estar dos povos.

Comecemos por recordar a crise financeira de 2008: com a crise dos “subprimes” rebentava o escândalo nos Estados Unidos da América. Logo as repercussões se fizeram sentir em todo o globo, o mundo económico estava prestes a ruir, por coincidência ou não, os países mais deficitários da Europa dos 27 são os que mais se ressentem e quatro anos volvidos a crise ainda se reflete no quotidiano destes povos. O anti-semitismo e os nacionalismos, pouco a pouco, têm vindo a ganhar adeptos. Vemos o crescer da FN (Frente Nacional) em França, o caso mais populista desta nossa Europa cansada e deficitária.

Estamos nas mãos das agências (leia-se carrascos) de “rating”. Acordamos de manhã com as resoluções do nosso futuro tomadas ao jantar pelos senhores de Washington. Vemos as condições adquiridas pelos trabalhadores serem cada vez mais postas em causa. Veja-se o caso específico do Luxemburgo com a aprovação já este ano da modulação da indexação dos salários a preconizar, segundo os sindicatos, a abolição da mesma.

Defender o que é nosso


Será talvez mais do que nunca o momento de tomarmos decisões nesse sentido. A economia portuguesa está a atravessar um dos piores momentos desde a revolução dos cravos. A nossa democracia está posta em causa, a nossa soberania está dependente das decisões de uma tal de “troika” que mais não é do que o carrasco das nossas riquezas.

A bajulação é de tal maneira presente que se perde a dignidade para não se perder estatuto social ou laboral.
Um dos casos mais chocantes destes últimos tempos foi-me dado a conhecer este fim de semana: um leitor do semanário Contacto (jornal em língua portuguesa editado no Luxemburgo) confessou-me que ficou incrédulo ao ver a capa da edição do dia 11 de janeiro deste prestigiado orgão de comunicação social, onde se podia ler “Messi é outra vez o melhor do mundo”.

Este facto, quanto a mim, torna-se ainda mais patético no sentido que - sem tirar prestígio ao galardoado - toda a gente já sabia quem seria o vencedor do prémio Bola de Ouro 2011. Assim teve honras de capa ao ter ganho frente a um português (Cristiano Ronaldo), já que a presença de Xavi servia a meu ver como simples adereço.

Defendo o dever de informar, sem preconceitos nem nacionalismos, mas como diz o velho ditado “em tempo de guerra não se limpam armas”.

Contudo, devemos respeitar as opções editoriais deste prestigiado semanário, mas, que já passou por melhores dias, lá isso passou.

O Corvo

samedi 14 janvier 2012

Maçonaria chega ao Luxemburgo???

A redação do BOMDIA soube de fonte mais do que segura que amanhã sábado 14 e não sexta feira 13 de Janeiro vai ter lugar pela primeira vez de mais nenhuma uma reunião da nova grande loja de maçons do Luxemburgo tuga, a mais que secreta Grande Loja dos Bigodes e Bigodinhos (BB).

Uma carta emilia anónima chegou à redação através do nosso fax desinstalado há dois anos (e isso intrigou-nos sobremaneira) com os dados essenciais para a publicação deste artigo.

Dizia o comunicado, e digo dizia porque se desintegrou ao fim de 10 segundos: “A grande Loja Bigodes e Bigodinhos tem a honra de comunicar a este prestigiado mas não laureado orgão de comunicação social independentíssimo do Grão-Ducado do Luxemburgo que este sábado, 14 de janeiro do ano de dois mil e doze, vamos realizar a nossa primeira reunião oculta e secreta algures para os lados da Moselle”.

O BOMDIA soube ainda que vão ser galardoados os irmãos da irmandade BB, o Grão Mestre RR vai instaurar a lei fundamental do celibromatismo, deixando para os irmãos restantes a escolha do melhimafrado, substituto do auto intitulado agente secreto da irmandade, um tal de ressabiado...

Assim se vai pela maçonaria tuga do sétimo mundo burguês...

(Qualquer semelhança com pessoas ou acontecimentos reais ou mesmo irreais é pura coincidência e pedimos-lhe paciência)

Domingos Oliveira

vendredi 6 janvier 2012

Mataram a Rádio Amizade

31 de Dezembro de 2011 é uma data que vai figurar nos anais da história do panorama associativo da comunidade portuguesa radicada em terras do burgo.

A cansada e desmotivada direção da Rádio Amizade desligou o ventilador que alimentava as emissões e deixou morrer um paciente fraco e moribundo que apodrecia há já alguns anos lá para os lados de Schifflange.

Tive a particularidade de pertencer a esta associação, era um... - como se diz na gíria do tugaburguês - um “Antoninho” - foram sete, digo, sete anos dedicados à causa.

Para minha surpresa ao folhear o semanário Contacto desta semana, deparei na página dedicada à necrologia com um artigo que por coincidência ou não está na página 13: “Rádio Amizade chega ao fim”.

Permitam-me que opine, chega ao fim, não. Faça-se justiça, mataram-na!

A emitir desde Novembro de 1992, pensei que com a maior idade já deveria ter juízo e pernas para andar sozinha, transcrevo as palavras da caríssima Irina Ferreira (é pseudo?) “num comunicado oficial, a direção afirma que “os mais jovens não estão motivados para assumir a direção de uma associação como a rádio”. Permitam-me que discorde, isto é tudo treta...
Em 2001 já todos os membros da rádio e não só questionavam a direção da mesma, ou seja o senhor Armindo Pereira.

Falavam todos pelas costas, mas foi só um que levantou a voz e exigiu que se fizesse como é de lei uma assembleia geral para por ordem na casa e livremente, de maneira democrática e secreta, se escolhesse uma direção que reunisse o consenso de todos. A muito custo lá se fez a dita assembleia e procedeu-se a votação secreta e livre segundo o antigo, único e a título definitivo presidente da rádio... Foi assim: tu votas em quem? E tu? E tu?... Resultado, todos votaram em Armindo Pereira, menos um... o tal Antoninho.

As coisas ficaram na mesma, as emissões continuaram, as coisas ficaram mais sérias, houve quem quisesse tomar conta da rádio. A IURD tentou ter umas horas na antena, dinheiro não era problema, o grupo Primavera quis mesmo comprar a rádio, depois veio o grupo Editpress. Por último quem pagava o aluguer do espaço, em Esch-sur-Alzette, era a OGBL.

A rádio vivia a sua época dourada. Organizávamos bailes, excursões, fomos pioneiros do movimento futsal da comunidade portuguesa (FootAmizade), oferecemos conjuntamente com o RFPP um automóvel numa tômbola nas marchas de São João, fazíamos tremer a Latina na capital. Tínhamos programas diários, divertidos, entrevistas, diretos desportivos, reportagens.

Fiquei triste ao ler a notícia, mas tudo é um ciclo. Permitam-me ainda discordar da maneira como ela foi dada a conhecer, não li nenhuma palavra de agradecimento a todos os nossos ouvintes que durante 19 anos foram fiéis à Amizade. Não li qualquer tipo de agradecimento a todos os patrocinadores que foram alimentando os desejos por vezes mimados da rádio, não li nenhum agradecimento a todos aqueles que ajudaram de uma maneira ou de outra a Amizade. Só vi citarem nomes de pessoas que, com excepção do Fred e do Manuel da Cunha, praticamente não punham os pés lá dentro.

Faça-se justiça: se as coisas chegaram ao ponto de acabar foi porque quem estava no poleiro não deixava os pintainhos sequer espreitarem.

Apesar disso, fiquei com a Amizade no coração para sempre, só quem por lá passou percebe.
Aos meus antigos companheiros da Rádio Amizade, um grande obrigado por tudo. A todos os nossos ouvintes muito obrigado pela vossa dedicação, igualmente muito obrigado a todos os patrocinadores que durante anos e anos a fio contribuíram para a Amizade.

Para finalizar, lamento que a redação do jornal Contacto tenha dedicado um espaço tão grande (uma página completa) a uma notícia tão triste. Durante os 19 anos de existência da Rádio Amizade só esporadicamente era mencionado o nome e as atividades da mesma, um pequeno quadrado aqui, outro ali. Se calhar esta última publicação foi para descargo de consciência...

Domingos Oliveira